terça-feira, 1 de outubro de 2013

Paciência

Aqui estou tendo a grande oportunidade de exercitar aquilo que nunca foi meu forte: esperar.

Um intercâmbio é lindo, mágico, libertador, você conhece o mundo, milhares de pessoas, aprende um novo idioma, maravilhoso! Mas, de chegada, o choque é grande. Desde domingo me sinto uma criança pequena: eu não consigo me comunicar! Você tem ideia do que é não saber como dizer as coisas mais básicas que você quer, que você sente ou precisa? Já tinham me avisado que esse stress inicial é super normal e faz parte da mudança. Mas que é muito angustiante, ah isso é. Minha cabeça dói. Já saquei que nada aqui é pra ontem. Talvez esse seja o primeiro passo da evolução interior que acontece quando nos propomos a este tipo de desafio.

Fui até a escola e, claro, entendi parte só do que a moça falou. Parece que aquele pouco de inglês que eu já sabia escapou pelo ralo. Eu não lembrava mais nem os dias da semana, acredita nisso? Me senti uma idiota. Mas, consegui entender que meu teste de nivelamento é na quinta. Aula mesmo só na próxima segunda-feira. OK, tudo bem... eu espero! Aproveitei o dia de ontem para encaminhar o meu PPS, que é o nosso CPF no Brasil. É só depois dele que eu poderei fazer todas as outras coisas, como abrir conta no banco, encaminhar meu visto e procurar trabalho. Caminhei uns 40 minutos, mais ou menos, pra encontrar o tal lugar pra fazer o PPS. E descobri outra coisa também: aqui as pessoas caminham muuuuito! Todo mundo. Meu tênis mais confortável me fez bolha.  Segundo choque. (Depois a gente reclama quando não consegue estacionar o carro NA FRENTE DA LOJA aí no Brasil).
Ontem também fui ao supermercado. Essa parte eu achei o máximo! Sim, porque aqui eu não vim a turismo. E pagar pra comer fora todos os dias não tem como, não há bolso de estudante que suporte. O valor que eu gastaria em um café da manhã (que é a principal refeição deles) deu pra comprar comida pra semana toda. Gastei pouco mais de 12 euros e enchi a cestinha. Guardei algumas coisas na cozinha do Hostel e algumas coisas eu trouxe pro quarto, como água e frutas. Pra se ter uma ideia, o salário mínimo deles aqui é o dobro do nosso, e eu comprei todas essas coisas aí com metade do que gastaria no Brasil. É, no mínimo, injusto.

Hoje (apenas terceiro dia aqui) confesso que só tenho vontade de ficar na cama. Já caminhei muito, não consegui me comunicar (ou, consegui muito pouco), ainda não tenho aula e meu corpo não se acostumou com o fuso horário. Talvez uma caminhada no parque, mais tarde, seja confortante. (Eu disse caminhada? OMG!) 

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