quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Home Sweet Home!!!

Depois de alguns dias ausente do blog, voltei a escrever para contar sobre esta nova etapa do meu intercâmbio: o flat!

Tenho andado bastante ocupada ultimamente com os afazeres da minha nova moradia. Há um mês passei a dividir um flat com duas meninas de São Paulo, a Rafaela e a Priscila. Encontrei elas numa página de Classificados para brasileiros em Dublin. Três pessoas para um pequeno apartamento de dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Eu fico em um quarto sozinha, o que é considerado um luxo entre os estudantes por aqui, e elas dividem uma cama de casal no outro quarto. Elas são amigas, colegas de faculdade no Brasil e aqui não tiveram outra opção senão dividir a mesma cama.
Pode parecer clichê, mas em Dublin cada um se ajeita como pode. E tudo passa a ser supervalorizado. Quando eu estava procurando um lugar para morar depois que saí da hostfamily, olhei vários flats onde a oferta era essa: dividir cama de casal com outra menina que eu nunca tinha visto na frente. Refutei num primeiro momento. Depois, vi que meu bolso não me permitia escolher muito. Quando eu estava quase cedendo, encontrei um flat para alugar direto com o dono, sem burocracias. Foi uma festa! Um quarto só pra mim pelo preço de um quarto dividido. Garota de sorte eu!
Aí comecei a reviver todo o meu tempo de faculdade, quando dividia apartamento com outras colegas. Exatamente a mesma história: “dia de pagar aluguel, cuidado com a luz, desliga o aquecedor, terminou o saco do lixo, essa semana eu limpo, de quem é essa louça?” E assim por diante. Mesmo filme. Aqui quando a gente entra em um flat, tem que pagar duas vezes o aluguel. Explico: o aluguel adiantado mais o mesmo valor que fica como sendo um depósito, uma garantia que o dono (que aqui se chama landlord) tem. Quando a gente vai embora, ou outra pessoa ocupa nosso lugar no flat, esse depósito volta pra gente.
A primeira coisa que fizemos foi ir numa loja dessas que vende coisas pra casa e comprar o básico: prato, copo, xícara, panela, edredom, travesseiro e lençol. Coisas pra se virar numa casa. O básico mesmo, já que, no meu caso, seria para passar alguns meses. Meus travesseiros custaram um euro cada e o edredom de solteiro, seis euros. Barbada! E super fofinhos. Essa parte eu #supercurti.
Mas, como aqui as coisas mudam com a velocidade da luz e com um telefone para uma entrevista de trabalho, o nosso trio de flatmates se desfez no primeiro mês. Calma, calma! Ninguém brigou. A Priscila que já estava em Dublin há sete meses não conseguiu um trabalho decente e resolver voltar pro Brasil. Antes disso, juntou a grana que tinha e foi viajar pela Europa. Eu e a Rafaela ficamos no flat. 

É engraçado porque viver em comunidade é lindo! Na teoria. Lidar com as diferenças e com as limitações de espaço e dinheiro faz qualquer um perder as estribeiras de vez em quando. O emocional pega. A grana pega (ou a falta dela). A paciência foge. A carência grita. Soma-se isso ao fato de você chegar em casa morrendo de fome da escola e ter que entrar na fila pra fazer comida e tomar banho. Parece férias na praia. Esse é o lado ruim. O bom disso tudo é o exercício. É o desapego que a gente pratica, querendo ou não. Por exemplo: faz meses que eu não sei o que é um banho de mais de dois minutos. E não morri por isso. Viver em comunidade é lindo na prática quando você compartilha as mesmas dificuldades e as mesmas emoções. Coloca num saco e mexe. O problema de um é exatamente o problema do outro. Todo mundo que está aqui precisa aprender inglês e implorando por um trabalho. Assunto em comum não falta.
Querendo ou não, todo intercambista também está aqui por uma razão muito particular, além do inglês. A maioria das pessoas tem histórias de amor envolvendo suas decisões de fazer as malas. Algo que você descobre só depois que as perguntas “De onde você é?”, “Quando chegou?” e “Quanto tempo vai ficar?” já foram vencidas. Seja um namoro que terminou, uma relação que não ia pra frente, uma separação depois de anos, e assim por diante. Tem de tudo! Mas isso dá outro capítulo. Por enquanto, vou me virando no flat, a moradia com mais cara de “minha casa” que eu já experimentei aqui na Irlanda. Agora, dá licença que eu preciso dar uma olhada na alavanca da descarga que emperrou. Home sweet home?