domingo, 29 de setembro de 2013

Enfim, Dublin!

Pra confirmar (mãããe, cheguei!), um registro às margens do Rio Liffey que divide o centro de Dublin e desemboca no mar da Irlanda.

A viagem até aqui foi tranquila, sem problemas com as conexões ou Imigração. Tudo dentro do previsto. Depois de me debulhar em lágrimas na despedida no Brasil o sentimento foi de tranquilidade. No voo, minha trilha sonora foi U2, é claro, pra entrar no clima da terra do Bono.

Quando pisei em Dublin vi que a história era uma pouco diferente. Aquele inglês que eu achava que sabia, valeu para falar algumas poucas palavras. Poucas, mas essenciais, do tipo: “I’m student”, “Taxi, please”, “May I put my bag here?” e essas coisas. Realmente é difícil compreender o que os nativos falam. Vou ter que me esforçar muito no cursinho. Mas no geral eles são atenciosos. O taxista não parava de falar e, na dúvida, eu ria quando ele ria.
A primeira coisa que fiz quando cheguei foi (procurar o Bono Vox e os leprechauns) comprar um chip pro meu celular, uma capa de chuva e um adaptador para tomada. De cara foram 20 euros, mais de 60 reais, pra ter uma ideia. (Isso é bastante pra um estudante).

Fiz check-in no Citi Hostel, que fica pertinho da escola, e saí dar uma banda no centro de Dublin com a ajuda do Matheus Capeletti, o cara aí do lado. Ele também é de Chapecó e está há exatos 6 meses por aqui. O Matheus viajou pela mesma agência que eu e foi super solícito com minhas centenas de milhares de perguntas sobre absolutamente tudo!  Na cidade me mostrou a escola, indicou onde comer, onde comprar barato e ainda contou um pouco das histórias do lugar. Barbada! Foi essencial esse “quebra gelo” com a capital. O mais bacana foi saber que o Matheus é fã da Atlântida e me ouvia em Chapecó. Thank’s a lot Matheus! Te devo essa ;)
Outra coisa que eu senti bastante foi o fuso horário. Quando cheguei em Amsterdã eram 7 horas da manhã e tive que pular o relógio pra meio-dia. Cinco horas de diferença pra mais. No voo de Amsterdã a Dublin, lá vai a Juli atrasar o relógio em uma hora. Já que a capital Irlandesa tem 4 horas de diferença do Brasil. Resumo, relógio biológico vai ficar no doze alguns dias tentando se auto-reprogramar. Crazy!

Agora é esperar meu primeiro dia de aula! (“The books on the table”, pelo menos, tá dominado).

Despedida (os dois lados)

Despedir-se da mãe, do amor, da família e de todos os mais próximos é despedir-se de uma parte de si mesmo. É como deixar algo que sempre te pertenceu e você nunca considerou a possibilidade de ser diferente.

Eu e minha Mãezinha
Eu ainda estou anestesiada. Incrível como esse negócio de psicossomatizar é real mesmo. A emoção age diretamente no corpo, sem dó. Confesso que até aqui neguei esse afastamento, mesmo sabendo que será temporário. Nos dias que antecederam a viagem, virei uma montanha russa emocional. Não tinha a menor ideia do que sentiria no minuto seguinte. Alegria, medo, pavor, felicidade, cara de assustada, mais medo, entusiasmo...
Mas toda despedida também tem sua parte colorida, como as “festas de despedida”. Todo mundo quer dar tchau. E eu achei isso o máximo! Me senti uma grávida (mesmo não tendo filhos) de tantos paparicos, de todos os lados. Ganhei pelo menos umas quatro festas surpresa, sem contar os churrascos fora de hora pra comemorar, os almoços e os cafés com as amigas. Sim, comemoraram a minha partida. Essa parte eu não entendi muito bem. Minha irmã até me mandou mensagem dizendo que já me ama mais só por eu estar longe. Que coisa!

Todas essas emoções também são parte da viagem. Só tem um detalhe: isso ninguém te explica antes. Tem que viver.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Por que esse nome?

“Velho Oeste na Gringa” foi uma forma de levar a região Oeste de Santa Catarina junto comigo na viagem.  Um jeito de provar que nós, “colonos”, podemos sim ganhar o mundo, como nos desenhos animados!

Na real eu sou uma caipira. É assim que me sinto. Uma garota que viveu a vida toda no interior do Estado, numa região muito rica mas que sempre foi vista como o “Velho Oeste”, terra de índios e colonos. Eu nunca tive o sonho de morar na capital, falar chiadinho ou coisa assim. Mas sempre tive um desejo absurdo de desbravar o mundo. Pegar um mapa e me mandar! Primeiro o mundo ao meu redor, o quintal da minha casa, a minha comunidade. Depois o colégio, a minha cidade, para então chegar ao que era o meu ápice: desbravar a capital do Oeste, Chapecó!

E quando eu falo em desbravar não tem nada de grandes feitos. Me refiro a pegar um ônibus sozinha, entender a dinâmica do trânsito, fazer um cursinho de inglês, saber o dia do caminhão do lixo, escrever uma dissertação de mestrado... essas coisas. Às vezes a gente leva anos, senão uma vida inteira, pra se virar bem com isso e ficar esperto. Mas chega uma hora em que, estranhamente, o mundo ao seu redor começa a ficar previsível demais, fácil demais, simples demais, entende? Essa é a hora de se perguntar: como é o mundo lá fora? Foi isso que aconteceu comigo.
 
É a primeira viagem que faço pra Europa. Tudo novo. Sentimentos que te puxam e te empurram. É a mesma sensação de quando eu comecei a trabalhar como Locutora na Atlântida. Se eu pensasse por um segundo quantas mil pessoas estariam me ouvindo naquele momento, eu me borrava toda. Mas se eu mentalizasse um amigo, uma pessoa querida para quem eu estaria falando, tudo ficava tão próximo e bem mais fácil. Assim é com esta viagem. Se eu pensar na imensidão do mundo, me perco. Mas se eu ver a Irlanda como “logo ali só que em inglês”, alivia.
 
É incrível conhecer o que acontece lá fora, mas incrível mesmo é se dar conta da mudança que começa a acontecer dentro da gente, bem antes do check-in.

#pelahonradegrayskull!!!

Tudo pronto!

Depois de alugar meu apê, vender meu carro, pedir afastamento do meu trabalho como repórter e grana emprestada pra todo mundo lá em casa, lotar a casa da minha mãe com caixas e livros, providenciar toda a documentação necessária, arrumar as malas, aqui estou eu!

Nesta quarta, dia 25 de setembro, comecei minha empreitada. Saí de Chapecó rumo a Porto Alegre, onde embarco pra Dublin no sábado, às 13h.

Tenho a impressão que a pior parte eu já fiz, que foi organizar minha vida pra viagem. Agora confesso que um misto de alegria, sufoco, medo, excitação e entusiasmo tomam conta de mim. Nem sei ao certo. É um negócio que dá na barriga e vai subindo até a garganta. Eu nunca havia sentido isso antes. Para aliviar nada de panos quentes. Só o Google Street View para me deixar mais segura. Já posso ver os lugares onde vou morar e estudar. Quanto mais informação, melhor! Nunca isso fez tanto sentido na minha vida de Jornalista e viajante.

Mas a dor que mais dói é outra. É deixar, nem que seja com data pra voltar, as pessoas que eu amo. Dói na alma! Por isso vai valer a pena, tenho certeza! E... pelo menos até começar meu curso de inglês eu vou ficar aqui treinando algumas frases tipo: "Could you help me, please?", "Sorry, I don't understand", "What's the meaning of", "Oh My God"...

See you soon! ;)
Kisses a lot.