A gente só vê que uma dificuldade é fichinha quando nos
deparamos com uma maior, beeem maior. E assim tem acontecido com várias coisas
nesse meu intercâmbio. São apertos que você passa e depois pensa, “como eu
reclamava de barriga cheia!”. E agora falo da escola, já que ainda não dediquei
um post a ela.
Meu Professor Liam é um irlandês nativo. Ótimo. A questão é
que ele não está muito interessado se eu entendo ou não o que ele fala. Ele entra
falando e vai embora falando. Tipo carro sem freio. Se minha cara de “estou boiando” for muito
evidente ele repete a explicação falando um pouco mais devagar.
Parece lógico. Ele não sabe português e não faz questão
nenhuma de aprender. E é por isso que é bom. E por isso que o cérebro tem que
se desdobrar. Eu paguei pra isso. E o mais legal é saber que esse choque
inicial acontece com TODO MUNDO. E ninguém morre. Pelo menos eu não vi nenhum
morto na escola com uma faixa escrito “causa do óbito: não entendimento dos
modais”.
O Liam é uma figuraça. Psicólogo. Doutor em alguma coisa que
eu não entendi, e professor de inglês. Super inteligente, adora conversar e
contar sobre as coisas do país, os costumes, o que é certo, o que é errado para
um irlandês. E eu acho ótimo. Antes que você pergunte eu já respondo: “sim,
agora eu já entendo o que ele fala”. Não tudo, é claro, mas uns 85 por cento já
vai. E cada palavra nova tem um sabor de conquista. Isso é muito bacana!
Minha turma é o celeiro da diversidade. Tem brasileiro, é
claro. Aliás, o que mais tem em Dublin, fora irlandês, é brasileiro. Somos em
cinco brasileiros, um coreano, uma francesa, quatro venezuelanos, um espanhol e
mais aquele povo que participa pouco das aulas e você não sabe ao certo de onde
veio, nem o que veio fazer neste planeta.
O progresso com o inglês acontece em cada aula. E em cada
aula você fica sabendo também um pouco sobre a guerra na Coréia, como são as
escolas na França, a crise da Espanha, o ódio que os venezuelanos tem do Hugo
Chaves porque cada vez que precisam comprar euro, o governo nega. Ficamos
sabendo também das garotas que namoram os “irish”, tiramos a dúvida se eles são
devagar mesmo ou se as brasileiras é que são muita rápidas, o que cada um faz
pra conseguir casa e trabalho. Então, não é só o inglês, entende?
Assim como acontece com a nossa língua mãe, não tem como
você chegar e já sair falando uma segunda ou uma terceira língua. Paciência! A
primeira tarefa de um intercambista é prestar atenção, mas muita atenção mesmo
ao que eles falam e ao modo como falam. Treinar o ouvido. Depois, entender que
o sotaque é uma coisa que atrapalha muito, pois uma palavra como little, por exemplo, que a gente
aprendeu a falar “lírou”, segundo o inglês americano, aqui eles falam “líto”. O
“t” é super enfatizado. É por isso que, quando alguém reclamar pra mim dos
sotaques do Brasil, eu nunca mais vou achar que isso é besteira. Faz muita
diferença sim!
E enquanto termino o meu homework,
se eu pudesse dar só uma dica sobre as escolas de inglês aqui na gringa, eu
diria pra você não considerar apenas o critério preço. Ótimo seria preço +
qualidade, of course, mas se não for
possível, tente apertar um pouco mais o orçamento e optar pela qualidade. Faz
muuuita diferença, afinal, é a escola que vai te dar o suporte inicial e você
vai depender dela pra muita coisa. Vai por mim!
Oi Juliana, cheguei aqui não sei como mas resolvi deixar um alô e desejar tudo de bom no seu intercâmbio. Eu estou aqui há quase 5 anos e também escrevo um blog.
ResponderExcluirUm beijo