sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Bebendo da Fonte

Sem filtros, sem atravessadores. Morar em um host family é fazer uma imersão na cultura do país. Ninguém contou pra você. Você, viu, sentiu, viveu, provou. E mais, fez parte de uma família nativa, viveu a rotina deles, comeu o que eles comem e de praxe, treinou o inglês.

Uma das melhores coisas que eu fiz foi ter passado um tempo em um host family. Pra quem não está muito familiarizado com estes termos, um host family é uma casa de família normal, onde eles decidem alugar um quarto para estudantes de outros países que procuram a Irlanda para estudar e/ou trabalhar.
Você mora com eles, tem um quarto geralmente só pra você, ganha a chave da casa (na maioria das vezes), mais o café da manhã e o jantar. No meu caso, eles também lavam a minha roupa! Barbada, não é?! Seria perfeito se não fosse pelo preço. É o tipo de acomodação mais cara, fora hotel. São em média 180 euros por semana. Isso é bastante pra quem está estudando e tem a grana contada. Mas é muito mais que uma hospedagem. É uma aula.  
Eu estava na maior expectativa pra saber como seria a minha nova família. Como eu seria recebida, como seriam as pessoas, a casa, se seriam simpáticos, se perguntariam do meu país, enfim. Antes de ir de “mala e cuia”, mandei uma mensagem pra dona da casa combinando um horário pra eu chegar. Como eles são muito rigorosos com o relógio, achei que seria gentil fazer isso. Ela me respondeu dizendo que naquele dia era a festa de aniversário da filha mais velha, eles estariam bastante ocupados durante o dia e não poderiam me dar atenção. Melhor seria depois das 19h. OK. Tudo certo, 19h em ponto eu estava na porta da casa. Fui recebida por todos com abraços e desejos de boas vindas.
A casa era num condomínio fechado, três andares, decoração de muito bom gosto e um quarto só pra mim! Viva! Na casa moravam 6 pessoas: o pai (que eu não lembro o nome pois quase não via ele), a mãe chamada Michelle (que era aquela mãezona de todos e trabalhava meio período fora, só não sei se como psicóloga ou cabeleireira, mas era alguma coisa com a cabeça), a Katie (filha mais velha), a Abbey (do meio), o Conor (caçula) e a Marta (uma garota espanhola muito estranha que tinha 14 anos e também estava ali como estudante). Ah! E a Joe, cachorrinha da família.
Eles me deixaram muito a vontade. Como a casa era muito longe do centro, eu saia cedo e voltava tarde. Eu nunca jantava com eles, pois eles rigorosamente jantavam às 18h. Esse horário eu estava saindo da escola. Mas o combinado era que, toda tarde eu enviasse uma mensagem pra Michelle avisando se eu iria jantar em casa ou não. Se fosse sim, ela guardava o meu jantar. Tudo muito tranquilo.
O primeiro domingo que passei com eles fiz questão de prestar atenção em tudo. Como nós, o domingo é um dia pra descansar e jogar futebol. O caçula Conor, de 9 anos, é jogador de rugby e todo domingo tem alguma competição. No café da manhã, a Abbey resolveu fazer panquecas pra todo mundo. O almoço às 13h, foi uma espécie de café da manhã caprichado, com coisas típicas como ovo frito, waffer, bacon, feijão branco com molho de tomate, ketchup (aliás, ketchup em tuuuudo), e batata com alguma coisa (batata em tuuuudo). A noite sim teve comida mesmo. Aliás, o jantar é a refeição deles que mais se assemelha ao nosso almoço. Mas sempre vai girar em torno de frango, batata e ketchup. Outro dia tinha batata frita, batata assada, purê de batatas e frango assado. Uma loucura! (que saudades de uma picanha com alho).
Mais bacana de tudo isso foi ver que o ser humano está acima de tudo. Eles me provaram, em poucas semanas, que o amor, o respeito à diversidade e a educação sempre vão fazer a diferença aqui e em qualquer canto do planeta. Viva os Sullivan!

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