A dona da casa, Michelle, uma simpatissíssima senhora de
meia idade, me explicou em detalhes pela manhã como eu deveria fazer pra pegar
o ônibus, aonde descer, quantas quadras andar até a escola. Pra confirmar, ela
fez um mapa. Sim, desenhou um mapa com todas as indicações. Barbada! Até uma
criança de 7 anos entenderia. Pra não ter erro mesmo, ela foi comigo até o
ponto de ônibus número 47 e sugeriu que eu tirasse foto do lugar pra não me
perder. Achei um exagero, mas enfim! Tirei a foto. Meio rapidinho pra ninguém
ver.
Fui tranquila. Cheguei no centro de Dublin e andei algumas
quadras até minha escola. Era meu primeiro dia de aula e estava um pouco ansiosa
(tá bom, eu estava muito ansiosa). Me senti exatamente como uma criança de 7
anos quando a mãe pega pela mão, deixa na escola com a lancheira e ainda faz uma
carta pra professora explicando as manias do pentelho. Era eu segunda-feira.
No mapa da Michelle, eu poderia pegar dois ônibus pra
voltar: o 44 e o 47. Depois da aula, resolvi umas coisas e fui pegar o ônibus. Caminhei,
caminhei, caminhei mais um pouco e tudo era muito estranho. Eu simplesmente não
conseguia me localizar no centro da cidade! Sim, eu estava com o mapa na mão.
Não, meu celular não tem GPS. Procurei pelas placas nos pontos dos ônibus
(porque em Dublin não existe um terminal, e sim paradas ao longo das ruas) e
nada do meu! Até que avistei o ponto número 44. Ufa! Que alívio. O ônibus seguinte
era somente em 45 minutos, ou seja, só às 21h.
Até aí eu considerei o episódio da minha confusão geográfica
uma situação isolada. Comprei um salgadinho de batatas e um refrigerante e
fiquei no ponto. Outra coisa legal em Dublin é que em cada ponto de ônibus tem
uma placa eletrônica indicando quantos minutos faltam para o seu ônibus chegar.
Fantástico, não?! E eles são extremamente pontuais. Eu grudei na dita placa e
nada do meu ônibus 44 aparecer na lista. Passavam todos os outros números,
menos o 44. Eu com o mapa na mão, conferindo as anotações, já cansada e com a
mochila pesada. Comecei a ficar aflita. Eram 21h e nada, 21h05 e nada, 21h20
quando de repente... começou a chover! O meu status naquele momento era de semi-desespero,
digamos. Eram exatamente 21h30 quando eu, toda molhada, comecei a chorar. Ali, naquele
lugar (centro de Dublin por onde eu já tinha passado umas 20 vezes durante a
semana). Nem me importei com o rímel descendo. Chorei alto.
Pra piorar eu estava muito preocupada porque, como aqui todos
são muito rigorosos com os horários, eu havia avisado a Michelle que até às 21h
estaria em casa. Era meu primeiro dia na casa e eu já estava descumprindo
horários. OMG! Naquele dia eu desejei chamar
a minha mãe. Eu juro. Se eu tivesse como pegar um voo para o Brasil, voltava
naquele instante. Mas, analisando friamente, eu não conseguia nem pegar um
ônibus!
Passaram mil coisas na cabeça, lugar estranho, fiquei com
medo de sair dali porque, talvez/quemsabe/todavia poderia ter furado um pneu e
o ônibus se atrasado, a mãe do motora poderia ter passado mal ... ah, sei lá. E se eu saísse e ele passasse bem
na hora? Imagina eu, em super slow, perdendo o último ônibus pra casa?
Antes que você pense “mas por que ela não perguntou?” eu já
digo: eu perguntei! Mas acho que ninguém entendeu meu inglês. Me mandaram ir
pra outra rua, que lá eu pegaria o (motherfucker)
ônibus 47. Uma rua escura, estreita, sem placas. Vi um ônibus parado e me
joguei. O motorista percebeu (sem esforço) meu desespero e tentou compreender o
que eu perguntava/gesticulava. Eu vi nos olhos dele que ele ficou com pena de
mim. Afinal, era outro ser humano ali né gente! Já eram 22h30.
Foi então que ele me explicou (e eu consegui entender) que a
parada do ônibus 47 ficava na outra esquina (escura e sem sinalização). Graaaaaaaças
a Deus! Fui até lá e tinha um papelzinho colado num poste dizendo que o próximo
ônibus 47 era às 23h. Até ali eu já tinha visto a Michelle me expulsando de
casa, jogando minhas coisas na rua, me xingando de irresponsável,
me denegrindo no Instagram e no Face.
Uma hora depois (quase meia noite) eu cheguei em casa e a
Michelle estava muito preocupada. Conversamos, eu tomei um banho e
fui pra cama. Chorei mais um pouco, bem baixinho. (Sim, porque a mulher também chora depois que passa.)
Na terça-feira eu fui pra aula de ônibus. De novo. E deu
tudo certo. Até o sol apareceu em Dublin! Coisa rara.
Querida!! Imagino tua afliçao! Mas fica tranquila q td serve para experiencia!
ResponderExcluirDeus te abençoe,guarde,ilumine e proteja por onde andares.bjs
Oh Juh, eu posso imaginar isso que vc passou, já tive experiências parecidas, mas graças a Deus, no meu caso, errei o bus stop, o que fez eu ter que caminhar algumas quadras a mais.....rss. Ah, never give up, worst things may come (we never know), just be ready for them!!! YOU CAN!!!! (Que gostoso de ler seus textos feelinginlove)
ResponderExcluiruahuah! Desculpa Juli. Tive que rir. Desgraça alheia.... sabe né! Mas eu imagino a situação. Fica firme ai. Quando conseguir se localizar vamos visitar você! :)
ResponderExcluirOooi Jean, era pra rir mesmo... Exagerei um pouco pra fazer um drama. Mas eu estou muito bem!!! hahaha... Beijão p vc e pra Aninha
ResponderExcluirJuli..... cena típica de turista! Passei por uma situação praticamente idêntica no meu intercâmbio. Igual a vc...chorei, chorei, chorei... até tomar uma atitude e procurar ajuda.
ResponderExcluirQue bom que, apesar do choro e do início de desespero, você tb teve força para pedir ajuda. Isso faz de vc uma guerreira, ainda mais!
Parabéns, venceu mais uma barreira! Continuo torcendo! ÓTIMO fim de semana e,,, cuidado com os ônibus!! rsss
amiga... e eu que achava nossas aulas de bike com o Fausto dificil....força nega!!!!!!
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