terça-feira, 8 de outubro de 2013

O drama do ônibus (baseado em fatos reais)

Se tem uma coisa que eu odeio é errar. Errar muito, errar feio, errar pra cacete! Há tempos eu não fazia uma dessas. Depois do primeiro dia de aula, eu precisava pegar o ônibus pra voltar pra minha hostfamily.  Tarefa simples! #sóquenão

A dona da casa, Michelle, uma simpatissíssima senhora de meia idade, me explicou em detalhes pela manhã como eu deveria fazer pra pegar o ônibus, aonde descer, quantas quadras andar até a escola. Pra confirmar, ela fez um mapa. Sim, desenhou um mapa com todas as indicações. Barbada! Até uma criança de 7 anos entenderia. Pra não ter erro mesmo, ela foi comigo até o ponto de ônibus número 47 e sugeriu que eu tirasse foto do lugar pra não me perder. Achei um exagero, mas enfim! Tirei a foto. Meio rapidinho pra ninguém ver.
Fui tranquila. Cheguei no centro de Dublin e andei algumas quadras até minha escola. Era meu primeiro dia de aula e estava um pouco ansiosa (tá bom, eu estava muito ansiosa). Me senti exatamente como uma criança de 7 anos quando a mãe pega pela mão, deixa na escola com a lancheira e ainda faz uma carta pra professora explicando as manias do pentelho. Era eu segunda-feira.
No mapa da Michelle, eu poderia pegar dois ônibus pra voltar: o 44 e o 47. Depois da aula, resolvi umas coisas e fui pegar o ônibus. Caminhei, caminhei, caminhei mais um pouco e tudo era muito estranho. Eu simplesmente não conseguia me localizar no centro da cidade! Sim, eu estava com o mapa na mão. Não, meu celular não tem GPS. Procurei pelas placas nos pontos dos ônibus (porque em Dublin não existe um terminal, e sim paradas ao longo das ruas) e nada do meu! Até que avistei o ponto número 44. Ufa! Que alívio. O ônibus seguinte era somente em 45 minutos, ou seja, só às 21h.
Até aí eu considerei o episódio da minha confusão geográfica uma situação isolada. Comprei um salgadinho de batatas e um refrigerante e fiquei no ponto. Outra coisa legal em Dublin é que em cada ponto de ônibus tem uma placa eletrônica indicando quantos minutos faltam para o seu ônibus chegar. Fantástico, não?! E eles são extremamente pontuais. Eu grudei na dita placa e nada do meu ônibus 44 aparecer na lista. Passavam todos os outros números, menos o 44. Eu com o mapa na mão, conferindo as anotações, já cansada e com a mochila pesada. Comecei a ficar aflita. Eram 21h e nada, 21h05 e nada, 21h20 quando de repente... começou a chover! O meu status naquele momento era de semi-desespero, digamos. Eram exatamente 21h30 quando eu, toda molhada, comecei a chorar. Ali, naquele lugar (centro de Dublin por onde eu já tinha passado umas 20 vezes durante a semana). Nem me importei com o rímel descendo. Chorei alto.
Pra piorar eu estava muito preocupada porque, como aqui todos são muito rigorosos com os horários, eu havia avisado a Michelle que até às 21h estaria em casa. Era meu primeiro dia na casa e eu já estava descumprindo horários. OMG!  Naquele dia eu desejei chamar a minha mãe. Eu juro. Se eu tivesse como pegar um voo para o Brasil, voltava naquele instante. Mas, analisando friamente, eu não conseguia nem pegar um ônibus!
Passaram mil coisas na cabeça, lugar estranho, fiquei com medo de sair dali porque, talvez/quemsabe/todavia poderia ter furado um pneu e o ônibus se atrasado, a mãe do motora poderia ter passado mal ...  ah, sei lá. E se eu saísse e ele passasse bem na hora? Imagina eu, em super slow, perdendo o último ônibus pra casa?
Antes que você pense “mas por que ela não perguntou?” eu já digo: eu perguntei! Mas acho que ninguém entendeu meu inglês. Me mandaram ir pra outra rua, que lá eu pegaria o (motherfucker) ônibus 47. Uma rua escura, estreita, sem placas. Vi um ônibus parado e me joguei. O motorista percebeu (sem esforço) meu desespero e tentou compreender o que eu perguntava/gesticulava. Eu vi nos olhos dele que ele ficou com pena de mim. Afinal, era outro ser humano ali né gente! Já eram 22h30.
Foi então que ele me explicou (e eu consegui entender) que a parada do ônibus 47 ficava na outra esquina (escura e sem sinalização). Graaaaaaaças a Deus! Fui até lá e tinha um papelzinho colado num poste dizendo que o próximo ônibus 47 era às 23h. Até ali eu já tinha visto a Michelle me expulsando de casa, jogando minhas coisas na rua, me xingando de irresponsável, me denegrindo no Instagram e no Face.
Uma hora depois (quase meia noite) eu cheguei em casa e a Michelle estava muito preocupada.  Conversamos, eu tomei um banho e fui pra cama. Chorei mais um pouco, bem baixinho. (Sim, porque a mulher também chora depois que passa.)
Na terça-feira eu fui pra aula de ônibus. De novo. E deu tudo certo. Até o sol apareceu em Dublin! Coisa rara.

6 comentários:

  1. Querida!! Imagino tua afliçao! Mas fica tranquila q td serve para experiencia!
    Deus te abençoe,guarde,ilumine e proteja por onde andares.bjs

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  2. Oh Juh, eu posso imaginar isso que vc passou, já tive experiências parecidas, mas graças a Deus, no meu caso, errei o bus stop, o que fez eu ter que caminhar algumas quadras a mais.....rss. Ah, never give up, worst things may come (we never know), just be ready for them!!! YOU CAN!!!! (Que gostoso de ler seus textos feelinginlove)

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  3. uahuah! Desculpa Juli. Tive que rir. Desgraça alheia.... sabe né! Mas eu imagino a situação. Fica firme ai. Quando conseguir se localizar vamos visitar você! :)

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  4. Oooi Jean, era pra rir mesmo... Exagerei um pouco pra fazer um drama. Mas eu estou muito bem!!! hahaha... Beijão p vc e pra Aninha

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  5. Juli..... cena típica de turista! Passei por uma situação praticamente idêntica no meu intercâmbio. Igual a vc...chorei, chorei, chorei... até tomar uma atitude e procurar ajuda.
    Que bom que, apesar do choro e do início de desespero, você tb teve força para pedir ajuda. Isso faz de vc uma guerreira, ainda mais!
    Parabéns, venceu mais uma barreira! Continuo torcendo! ÓTIMO fim de semana e,,, cuidado com os ônibus!! rsss

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  6. amiga... e eu que achava nossas aulas de bike com o Fausto dificil....força nega!!!!!!

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