No mês de
agosto eu produzi uma série de reportagens na RBS TV chamada “Os sotaques de
Chapecó”. Foi uma forma de homenagear o município pelos seus 96 anos e mostrar
como a nossa cidade é caracterizada pela diversidade de povos, de línguas, de
jeitos diferentes de falar o português. Um dos personagens da série foi o professor
australiano Damien Segal. Ele contou que quando chegou a Chapecó não sabia uma
palavra sequer em português. Por diversas vezes passou vontade de tomar um refrigerante
ou comer alguma coisa porque não sabia pedir. Nós rimos com a história do
Damien e nos sensibilizamos também. Mas entre ouvir uma história e vivê-la na
prática convenhamos que existe um abismo.
Curtir algo
completamente novo e diferente é um sonho. Você chega em um país e quer
descobrir as coisas, saber como elas funcionam, o que tem de diferente do
Brasil, o que é igual, experimentar comidas estranhas, bebidas fortes, frutas
que a gente não tem, ver flores iguais mas que aqui parecem exóticas, entender porque
o almoço é sanduiche, porque o interruptor fica do lado de fora do banheiro, porque
o fogão não tem chamas, porque os policiais não andam armados, porque eles não
gostam de tomar banho (oops, acho que não vou falar sobre isso), etc, etc, etc.

É nessas
horas que algo irracional acontece com a gente. Um misto de vergonha por não
saber falar em inglês, com “me tira daqui”, juntando-se ao fato de uma fila
enorme estar atrás de você, todos com pressa porque tem meia hora pro almoço e um
ser (no caso, você) simplesmente incomunicável empacando a fila. Sabe quando trava
tudo e você reinicia? Parece que estou vendo minha professora de ciências, lá
da quarta série primária, explicando a diferença entre razão e emoção. A Dona Leodete
dizia que “os homens das cavernas agiam por instinto”. Aha. Saquei. Agi por
instinto e me mandei dali.


Agora, tem
uma notícia ruim também: lembra dos 3Kg lá da primeira semana? Pois é... agora só
indo pra China mesmo!